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Empatia ou Simpatia? Uma questão para a Educação

Daniela Melo é venezuelana, especializada em Educação Infantil e pós-graduanda em bilinguismo. Trabalha na área da educação bilíngue há 10 anos. Já morou e trabalhou em Dubai e agora vive no Brasil.



O dicionário define empatia como: “A participação afetiva de uma pessoa em uma realidade estranha a ela, geralmente nos sentimentos de outrapessoa".Em contraposição, a simpatia é definida como: "Sentimento, geralmente instintivo, de afeto ou inclinação para uma pessoa ou para sua atitude ou comportamento, que faz com que você ache sua presença agradável e deseje que as coisas boas lhe aconteçam".


A psicóloga Brene Brown marca a diferença entre os conceitos mencionados de uma forma muito simples. A simpatia não promove conexão, pelo contrário, a afasta. Já a empatia gera conexão, por meio dela você se conecta com o que o outro está sentindo. Ela nos fornece a capacidade de compreender a perspectiva do outro, sem julgá-lo em momento nenhum.

Um dos aprendizados mais importantes que tive como professora foi o de compreender a necessidade de ouvir o aluno e entendê-lo. Fazer o exercício de nos colocar no lugar do outro, entender o que os outros estão sentindo e, especialmente, prestar atenção aos sinais contínuos que o aluno está te dando é de fundamental importância para os profissionais da educação.


Sete anos atrás, devido ao trabalho do meu marido, nos mudamos para Dubai para um projeto da empresa e tive o imenso prazer de ter a oportunidade de trabalhar em uma escola internacional. Fui presenteada com a possibilidade de trabalhar com crianças de diferentes nacionalidades, incluindo um menino paquistanês que tinha o hábito de atirar brinquedos e bater continuamente na mesa.


Depois de observá-lo por várias semanas, percebi que com o uso da música durante as aulas, o comportamento do meu aluno mudou notavelmente. Ele passou a prestar mais atenção e pareceu estar mais conectado, tanto com a música quanto com a atividade que estávamos realizando. Eu ponderei e pedi ao meu assistente para cuidar de andar em torno dos outros alunos e observá-los, para me dar a oportunidade de me dedicar inteiramente para aquele aluno em particular.


Lembro-me como se fosse ontem. Estavamos realizando uma atividade na aula de matemática que consistia em contar as quantidades de ursos de plástico e colocá-los nos pratos que tivessem escritos os números correspondentes. Me ocorreu que para ajudar esse aluno a contar eu poderia fazer pequenos ruídos ao ritmo de uma canção, e a verdade é que ajudou. Usamos uma música que falava dos números ao mesmo tempo que os contávamos.

Eu acabava de vivenciar com ele, de forma afetiva, o seu aprendizado. A verdade é que as mudanças não foram imediatas, pois para se alcançar qualquer objetivo, principalmente quando se trata de crianças, muita paciência é necessária.


São as pequenas conquistas diárias que fazem a diferença. Cantar com ele em diferentes momentos da rotina também ajudou bastante. No seu caso, a música proporcionou um resultado inesperado. Depois de alguns meses ele já não atirava os brinquedos e até começou a socializar com as outras crianças.


Sua mãe e eu ainda nos seguimos nas redes e eu o vejo feliz, alcançando seus objetivos. Espero sinceramente que esta pequena experiência tenha feito a diferença para ele. Para mim foi muito enriquecedor e posso dizer que me tornou uma melhor professora. Mas eu nunca parei de aprender, os acontecimentos de cada dia me provocam e aumentam meu desejo de me conectar com meus alunos.




O que eu mais gostaria é que todos os professores entendessem que a empatia é a base de tudo. Por isso deixo um humilde conselho. Ouçam os seus alunos, mas quando digo ouçam-os, não quero dizer apenas no sentido literal, mas os convido a observá-los. Mesmo nos momentos em que eles não estão falando ou interagindo com vocês, são valiosos e permitem que seja possível entendê-los melhor. Às vezes, de fora, podemos ver o que não vemos quando estamos imersos na situação. Por isso, vocês que tem colegas de trabalho, aproveitem e se apoiem uns nos outros, esta é uma ferramenta inestimável e, no final, promove o desenvolvimento de nossos alunos em todos os aspectos. A observação de pequenos detalhes fará a diferença no seu crescimento diário.


Para finalizar, usarei as palavras de Antoine de Saint Exupéry, que expressam de maneira profunda o que penso e quero dizer:


“Só vemos com o coração. O essencial é invisível aos olhos ".

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